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Análise de Zombi de Tribo Gamer

Zombi – Relançamento para PS4, Xbox One e PC continua assustador



Já faz alguns anos que joguei ZombiU. Foi um dos títulos presentes no lançamento do atual console da Nintendo, e por sinal, foi o melhor deles sem sombra de dúvida. Quando surgiu, era o novo Survivor Horror da gigante Ubi Soft, título que prometia ser tensão e sustos do início ao fim, e que aparecia em vídeos onde o gamepad do WiiU era usado de formas tão geniais que os fãs da fabricante ficava alucinando com as infinitas possibilidades que poderiam encontrar não só naquele jogo, mas em dezenas de outros games que poderiam beber da mesma fonte. O título viu a luz do dia e cumpriu o que prometeu: sustos, tensão, situações desesperadoras, um inesperado alto nível de dificuldade, ótimo replay, e principalmente, um excelente uso da telinha do gamepad, peça chave na criação do clima pesado do jogo.

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Detalhe é que geralmente é a própria Nintendo quem ensina às fabricantes como usar seus acessórios… Só que neste caso, quem ensinou a coisa foi a Ubi Soft, só que ninguém prestou atenção nas aulinhas dadas em ZombiU. O gamepad nunca mais chegou nem perto de ser usado tão bem quanto neste game, e acabou por se tornar basicamente um WiiU portátil para se jogar na cama.

Pois é, antes de falarmos desta remasterização para as demais plataformas, devo ressaltar a importância que o gamepad do WiiU tinha para o título, pois ele era o motivo das minhas dúvidas referentes à qualidade de Zombi, a nova versão do jogo de terror da Ubi Soft.

Lançado recentemente para Xone, PS4 e PC Steam, o até então exclusivo da Nintendo perdeu o U do nome, ganhou texturas em melhor resolução, e algumas armas novas. Contrariando especulações do tipo que diziam que o game poderia utilizar da conexão do PS4 com o Vita para suportar a jogabilidade original (e talvez algum table ou smartphone rodando Windows Phone para as versões PC e Xone), Zombi apenas teve as funções touch adaptadas para atalhos no controle ou na tela da TV. Tudo agora é mostrado lá: mapa, status, scanner, mochila, mas a boa notícia é que a coisa toda continua absolutamente em tempo real, o que é um alívio para aqueles que já jogaram o título no WiiU.

A propósito, para este pessoal, será meio decepcionante perceber que aquele efeito de iluminação que dava a impressão de "lente suja" quando olhávamos para alguma fonte de luz e que deixava o ambiente mais sinistro e com mais ar de desolação, foi sumariamente retirado do game sem explicação aparente, mas por final, tirando estas diferenças de jogabilidade e a minúscula melhoria gráfica, trata-se exatamente do mesmo jogo. É como se tivessem pego o jogo original e aplicado um patch de atualização: até as cenas em CG na hora dos loadings são as mesmas, na mesma baixa qualidade. Nessa hora eu me pergunto  como foi que eles conseguiram gastar 21 GB nesse game sendo que o original tinha pouco mais de 7 GB…

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Na esquerda, tela do original de WiiU, e na esquerda, o Remaster no PS4: reparem na diferença do efeito de iluminação


Posso dizer então que pioraram o jogo neste remaster? Sim, ligeiramente, mas sim. Só que neste caso nada está perdido, por que um detalhe muito importante deve ser levado em consideração: Zombi é um senhor jogo de terror pós apocalíptico, um dos melhores survival horrors da geração quiçá de todos os que existem, e chega agora para as outras plataformas da atualidade com ar de novidade. Não esqueçamos: o game era exclusivo de de um console que já a algum tempo carece de popularidade, e que sempre teve como principais estrelas os games da própria Nintendo. Assim, ZombiU chegou a tão poucos compradores que a UbiSoft tratou logo de descartar oficialmente qualquer continuação para a franquia. Mas parece que eles podem estar mudando de ideia: o relançamento do game em outros consoles pode vir a significar que a empresa planeja continuá-la como uma franquia multi plataforma (se continuaria aparecendo no WiiU, ninguém sabe), e apresentar este primeiro game ao maior número de jogadores possível é essencial para que a franquia se torne lucrativa. Eu espero que isso aconteça, mas por enquanto, vamos tratar de como funciona esse tal de Zombi e do por quê de ele ser tão bom mesmo sendo tão antiquado.

O game é um survival apocalíptico onde uma praga zumbi  se inicia em Londres e devasta o mundo. Você é um cidadão londrino qualquer, uma pessoa normal sem super poderes que ontem estava voltando do serviço ou buscando as crianças na escola. Um dia simplesmente este cidadão se vê como um sobrevivente, se arrastando escondido pelas sombras atrás de restos de comida por ruas infestadas de mortos vivos carnívoros quando, em meio a todo aquele caos, uma voz misteriosa o chama e oferece ajuda. Isso é o que acontece a todos os "sobreviventes" que o jogador vai controlar durante o jogo: serão atraídos por uma voz em um alto falante de um sujeito que se auto intitula "O Estrategista", receberão armas, um local para dormir, e em troca, realizarão missões.

No início é como qualquer jogo de visão em primeira pessoa: temos que aprender os comandos cumprindo aqueles objetivos básicos que servem de tutorial, e minutos depois, estamos em campo aberto passando por ruas recheadas daquelas criaturas famintas só com uma pistola com míseras 6 balas e um bastão de cricket que parece ser feito de adamantium de tão resistente. Basta então a primeira mordida para percebermos que Zombi não é bem assim aquilo que todo mundo esperava: o coitado do cidadão morre de uma vez e vira um zumbi, sem choro, acabou para ele.

Tudo o que estava em posse dele continua dentro da sua mochila, e ela por sua vez, continua nas costas do cidadão que virou zumbi, e assim como o que acontece em Dark Souls por exemplo, temos que voltar lá no local da morte para recuperar os nossos pertences, com a diferença de que precisaremos "acabar de matar" nosso ex personagem, e faremos isso com um outro sobrevivente.

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Este é o interior da Mochila inicial. Mais tarde é possível encontrar uma mochila maior, e isso ajuda demais!


E não importa onde você estava quando morreu, pode ser do outro lado da cidade no final do último corredor subterrâneo do castelo da raínha, seu novo sobrevivente partirá do ponto inicial da aventura (o "abrigo"), e deverá ir até lá só com os equipamentos iniciais (a não ser que você tenha deixado algo anteriormente no abrigo, onde existe um container), sem check point, sem aquela mamata corriqueira da maioria dos jogos por aí de morrer e continuar do último auto-save que geralmente acontece 10 metros atrás, e o pior, com seu novo sobrevivente em nível zero. Acontece que seu personagem vai melhorando suas habilidades de tiro com cada arma que ele usa, o que garante melhor aproveitamento da munição e recarga mais rápida dentre outras benfeitorias, e isso não é transferível: morreu, perdeu. Para melhorar ainda mais a situação, quanto mais forte era o personagem, mais forte será o zumbi que ele vai se tornar.

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Policiais zumbificados demoram uma eternidade pra morrer na paulada. À esquerda, o mapa, que antes ficava no gamepad do WiiU.


Você já deve ter percebido a essa altura que em Zombi precisamos realizar missões para avançar, mas na realidade o objetivo principal é ficar vivo mesmo. A obrigação de não morrer para não perder o nosso personagem causa uma tensão absurda, tanto que até começamos a criar afeição por alguns deles quando começam a durar bastante. O frio na barriga quando somos surpreendidos por algum morto decomposto que apareceu do nada mais parece com uma nevasca caindo em cima da gente, e o resultado é que andamos a passos curtos, verificamos tudo em cada curva, qualquer ruído nos faz olhar para traz. Voltar para o abrigo são e salvo é a maior sensação de alívio que o jogador vai conseguir no game, o resto todo é pura  sobrevivência.

Aliás, é no abrigo que salvamos o jogo, e é sempre bom voltar pelos "atalhos" (lê-se bueiros do sistema de esgoto da cidade) desbloqueáveis para guardar aquela munição ou item de cura que está sobrando e ocupando espaço na mochila. Sim, a mochila tem pouco espaço, e apesar de ser difícil juntar qualquer tipo de item no jogo, o repertório é grande: são pistolas, rifles, metralhadoras, fuzis, granadas, minas terrestres, sinalizadores, um monte de tipos diferentes de itens de cura, e por aí vai. Isso tudo sem contar com os novos bastões adicionados em Zombi: um taco de baseball com pregos, e uma , que são mais poderosos que o bastão inicial. O ruim dessas novas armas é que não dá pra tirar a droga do taco de cricket da mochila de modo levar só um bastão… Sempre teremos um espaço a menos ocupado por uma arma momentaneamente inútil.

Mas não pense que as missões do jogo são nada mais que favorzinhos que você faz para alguém, nada disso: o jogo possui uma história muito legal que gira em torno de uma profecia fictícia chamada Profecia Negra, que de acordo com o astrônomo John Dee (que realmente existiu e foi conselheiro da Rainha Elizabeth 1ª no século 16), aconteceria em 2012 e assolaria o mundo com uma praga incontrolável que se originaria na Inglaterra. O enredo vai então sendo revelado aos poucos, e nós vamos nos aprofundando na história dos Corvos de Dee e das últimas linhas de defesa que buscam uma cura para a praga, onde obviamente, somos peça chave.

Durante o gameplay, somos obrigados a enfrentar hordas de mortos vivos a todo momento e em diversas situações que vão de emboscadas a arrastões. Usar as armas de pancadaria contra zumbis solitários é sempre uma ótima opção para poupar munição, mas alguns deles necessitam de várias pancadas para finalmente serem neutralizados, e como o personagem cansa no processo (escutamos a respiração ofegante enquanto ele grita desesperado DIE! DIE!), nunca é bom tentar isso quando mais de um zumbi está de olho na sua carne suculenta. Já contra inimigos numerosos, várias táticas podem ser utilizadas, como atraí-los com sinalizadores para perto de objetos explosivos como galões de combustível e botijões de gás para então, mandar todos pelos ares com um só tiro, ou usar metralhadoras, granadas e coquetéis molotov em locais estreitos.

Sempre existe também a deliciosa opção de usar aquele lindo rifle sniper de cima de algum local alto e privilegiado! Em fim, não faltam opções para exterminar os mortos vivos do jogo, mas para todas elas, é sempre necessário cuidado extremo, pois Zombi é um game traiçoeiro. Tudo ocorre em tempo real, ou seja, quando estamos equipando armas, mexendo na mochila, ou usando o dispositivo portátil que o personagem carrega, podemos ser atacados sem aviso, e como eu já disse antes, um só ataque pode ser fatal.

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Assim como na obra de Romero, aqui também os zumbis são atraídos por luz. Aproveite e não desligue a aparelhagem!


A propósito, este dispositivo é muito parecido com o gamepad do WiiU. No original, quando íamos, por exemplo, escanear o ambiente em busca de pistas, precisávamos levantar o gamepad e movê-lo pra lá e pra cá como se ele fosse uma câmera digital, e o giroscópio embutido fazia o resto enquanto a tela da TV mostrava o personagem em 3ª pessoa fazendo a mesma coisa com um dispositivo idêntico. No remaster o formato do acessório foi mantido, mas a maioria das animações em 3ª pessoa foram removidas devido às adaptações pela falta da segunda tela. Usar o Scanner ficou algo idêntico ao que vimos anteriormente em Metroid Prime, e essa função permite interagir com objetos como câmeras, travas de segurança, centrais de informações, além de permitir enxergar mensagens ocultas pelo cenário. Vale citar que esse acessório evolui, e vai ganhando novas funções no decorrer da aventura.

A ambientação geral de Zombi é ótima, e apesar de graficamente antiquado, a desolação do cenário é mais que suficiente para a proposta do jogo, tanto por que a aventura não é muito longa, e após se conhecer o game, é possível terminá-lo em poucas horas. A longevidade do título se dá mesmo na base das mortes abundantes quando se joga pela primeira vez, e depois, em tentativas no modo Survivor: teste suas habilidades em uma aventura ligeiramente mais difícil e com um único sobrevivente, e descubra até onde você consegue chegar antes de morrer e ver o game over. Esse modo era popular no WiiU, pois seu tempo e score ficavam gravados, e podiam aparecer em tabelas online in-game dependendo do seu desempenho. Em Zombi, essa função foi retirada juntamente do modo Multiplayer, mas este último quase não era utilizado.

ZombiU sempre foi um jogo sólido, daqueles que prendem o jogador e mostram que ainda é possível se criar ótimos games de sobrevivência. Seu grande problema foi ter nascido em uma plataforma onde reconhecidamente, é dificílimo um game que não seja da Nintendo fazer sucesso. Eu tinha muitas dúvidas quanto a esse remaster, mas a maioria delas eram relativas à falta da segunda tela, pois eu já conhecia a qualidade do game e sabia que só um trabalho absurdamente terrível de adaptação poderia estragá-lo. E no final das contas, jogar novamente ZombiU, ou melhor, ZOMBI, foi uma experiência igualmente assustadora. As adaptações da jogabilidade, apesar de simples, funcionam, e mantém o clima de tensão quase na mesma medida que o original, e quanto à aparência do game, não é por que o jogo tem gráficos antiquados que ele é ruim, isso nunca foi regra. Pelo contrário, Zombi tem potencial para se tornar uma grande franquia, e ser um porto seguro para aqueles que buscam verdadeiros survival horrors, difíceis, daqueles onde o importante é sobreviver acima de tudo para não sofrer as penalidades. O trabalho da Straight Right, a softhouse australiana responsável pelo remaster, foi digamos, decente, e se passou longe de ser primoroso, pelo menos não estragou a real experiência de se jogar este survival horror. E que venham mais Zombis por aí, maiores, com mais exploração, mais tensão, mortos vivos mais assustadores, e tudo mais que um Survivor Horror necessite para ser épico.


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Fonte: Comboinfinito

14 Comentários

26 Ago, 2015 - 18:05

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Comentários

Mark_junito 27 Ago, 2015 11:36 1

To jogando e so jogo no maximo 2h o jogo deixa o cabra tenso pra caramba, mais que isso meu coraçao nao guenta.

firefox 27 Ago, 2015 08:36 -1

Engraçado que o Dying Light é o contrário: o game tem profundidade mas não tem história.

Leehalloween 27 Ago, 2015 02:33 0

rafonesrafa, vai no lugar aonde você conseguiu a besta, ela deverá dar respawn lá.

rafonesrafa 27 Ago, 2015 00:28 0

eu achei a besta do daryl fiquei felizão, dai mais adiante morri perdi o primeiro sobrevivente = ( ai pensei blz vou lá pegar a mochila com a besta e varios kits medicos, cheguei lá e morri de novo = ( dessa vez com o terceiro sobrevivente foi com o rifle e varia balas, acabei com todos mas ai a surpresa, a mochila do primeiro sobrevivente com a besta sumiu, só tinha a da segunda sobrevivente....

Leehalloween 27 Ago, 2015 00:06 0

Continuando o comentário a baixo.

A história é boa, mas não vi muita profundidade(mas tem história, o que já é um belo avanço nessa geração de Survivors Online).

Mas agora, o que eu mais gostei, foi o estilo Resident Evil de PS1 de fazer as coisas.
São vários mapas interligados(Alguns bem extensos) tem horas que você volta no primeiro mapa mas abre uma porta (antes fechada) pra um lugar novo ou outro mapa.

Resumindo, pra quem gosta do gênero, é um prato cheio.

600 caracteres mas só pode usar metade, divide o comentário e é flood. Fica difícil dar uma opinião mais complexa.

Leehalloween 26 Ago, 2015 23:56 0

Esse foi o primeiro jogo de zumbis que me fez sentir medo,a parte da escola pré primária é boa demais(Não vou dar Spoilers do que vai encontrar lá).

Achei o gráfico bom, mas o que me chamou a atenção na ambientação foi o nível de detalhe, o cenário é muito bem preenchido, tomaram todo um cuidado em deixar bem realista.

você não vê só uma pia com 2 copos e 2 pratos, o cenário lhe da a sensação que realmente foi abandonado(pratos empilhados, panelas jogadas, microondas , talheres , milhares de coisas pequenas espalhadas em todos os cantos).

hiramjivago 26 Ago, 2015 22:57 3

9,5 nesse jogo, sério?!?! -_-

jack5000br 26 Ago, 2015 21:50 0

agora,so na espera de bayonetta 2 e fatal frame sair,para os consoles de verdade.SQN

BL0OD 26 Ago, 2015 20:46 -1

Em compensação, ZOMBI tem uma ambientação atormentadora e os jogos de zumbis deveriam se inspirar nela. Só é uma pena que, por conta desses problemas que citei abaixo, ela só vai te causar medo no início. Depois que vc descobrir que dá pra dominar fácilmente os zumbis na paulada, e que eles dificilmente vao te acertar, vc vai querer sair correndo pelado no meio da rua, pra ver se o jogo fica mais difícil.

BL0OD 26 Ago, 2015 20:41 0

Não é por mal não, mas achei esse jogo fácil de mais, e por ser fácil, acaba eleminando a sensação de medo que vc tem de perder o personagem.
Joguei até mais ou menos a metade dele, e meu personagem ainda não havia morrido. Existem comidas e kits médicos pra dar e vender. Munição é relativamente escassa, mas basicamente, vc quase nã usa arma de fogo pois é muuuuito tranquil ode matar até uns 3-4 zumbis na paulada. O personagem tbm não tem nem uma barra de stamina para limitar seus ataques.

Edu220937 26 Ago, 2015 20:06 -2

Me assustei é com os gráficos desse game isso sim

Doltrake 26 Ago, 2015 18:54 1

Ainda não joguei mas quando assisto gameplay eu sempre fico no cagaço. kkk