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SpinTires: testamos o simulador de caminhão do enorme lamaçal russo

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SpinTires poderia facilmente ser resumido em uma única palavra: lama. Ou, quem sabe, em duas palavras: muita lama. E, vale dizer, muito mais lama do que você imaginaria pela proposta do título da Oovee Game Studios.

A ideia aqui é dirigir enormes relíquias da União Soviética através de vários mapas inspirados no interior mais agreste da Rússia. Os objetivos, entretanto, são bastante simples, limitando-se a "busque X quantidade de lenha e leve até Y". O processo entretanto... Esse é algo que não é atravessado (e nem esquecido) tão facilmente.

Você já deve ter conferido as primeiras impressões do BJ, é verdade. Entretanto, aquele teste ficou restrito à demonstração tecnológica liberada pela Oovee Game Studios, na qual não havia mais do que um pouco espaço, poucos caminhões e, naturalmente, muita lama.



Desta vez, entretanto, nós resolvemos dar uma olhada na versão "completa" do game — ou, mais especificamente, na forma como as coisa se encontram neste ponto do desenvolvimento. Isso porque é possível que muita coisa seja acrescentada e tirada conforme o minúsculo Oovee aprende com os próprios atoleiros (trocadilho inevitável, convenhamos).

Lama, caminhões e paciência

Antes de tudo, convém fazer justiça ao pequeno estúdio: SpinTires é, essencialmente, um jogo de nicho. Em outras palavras, sim, a Oovee provavelmente imagina que dirigir caminhões pesados por vias excruciantemente lamacentas não representa um ideal lá muito popular. Entretanto, contando nos dedos os títulos genéricos, esperando por algo que possa "dizer" algo de diferente, certamente pode haver aqui uma ótima oportunidade.

Mas o aviso talvez valha menos pelo cenário geral do jogo — Rússia + caminhões — do que por certo apelo muito característico. Basicamente, quando se começa a encarar os primeiros atoleiros, é praticamente impossível não resgatar aquela paciência hercúlea necessária em jogos como Demon’s Souls, por exemplo.



Basta considerar aqui o deslocamento. Quilômetros? Longe disso. Na verdade, dependendo da região do mapa em que você estiver, cada metro rodado (para frente ou para trás) pode ser comemorado com mais intensidade do que um primeiro lugar em muito jogo de corrida. Sim, com o tempo você vai acabar ganhando certo jogo de cintura... Mas isso demora um bocado, sobretudo porque quase nada é explicado inicialmente aqui.

Quase nada é dito

A comparação com Demons’s Souls aqui não fica só no incentivo da "tentativa e erro". Na verdade, em comum com o título da From Software há também certo incentivo ao "se vira!". De fato, depois de um bom tempo patinando e atolando (dezenas de vezes), você acaba por perceber que:

1. Os veículos não devem ser utilizados indiscriminadamente em quaisquer partes do mapa;
2. SpinTires não é nem um pouco tolerante; saia dirigindo estilo "Maria, a Louca" e você provavelmente vai pagar por isso — provavelmente com um veículo fatalmente comprometido, que apenas pode ser devolvido à garagem (isso caso você não esteja no modo "Hardcore");
3. Um bom método de abordagem é utilizar um veículo pequeno (o Jeep, no caso) como batedor. Isso fará com que você conheça melhor o mapa, conforme libera mais e mais setores da curiosa "névoa" que encobre partes enormes do mapa (não, isso não faz muito sentido);
4. É sempre bom contar com backups. Antes de, efetivamente, sair carregando as toras, garanta que há um caminhão específico para concertos por perto, assim como um caminhão-cisterna devidamente abastecido com muitos litros do precioso diesel (e ele acaba bem rápido, acredite); e
5. Na dúvida, amarre cabos nas árvores próximas. Isso é realmente vital!

Ademais, a coisa é mesmo na base da tentativa e erro. Por exemplo: você aprende, a duras penas, que pode ser muito mais vantajoso se embrenhar por partes laterais da estrada cheias de mato e de pequenas árvores do que encarar as "estradas" oficiais.

Um excelente simulador

Considerando-se que SpinTires é, essencialmente, o fruto do trabalho de uma equipe bastante reduzida, o resultado obtido até agora realmente impressiona. Em primeiro lugar, porque seguramente se trata da melhor simulação das reações físicas de terrenos lamacentos jamais desenvolvida em um jogo de video game.

Em outras palavras: sim, você sente que está em um atoleiro — eu mesmo me flagrei várias vezes com uma vontade quase incontrolável de empurrar o monitor, a fim de dar uma ajudinha aos caminhões.



Também os gráficos não decepcionam, em nada se parecendo com um típico jogo independente (embora não chegue a blockbuster). Entretanto, a ferrugem, os pneus velhos e todo aquele "feeling" que seria esperado por um dos jogadores descritos acima (aquele bem pouco típico), isso com certeza vale vários pontos para o projeto da Oovee.

Sim, é verdade, entretanto, que a ausência de bons tutoriais e a dificuldade excessiva — eu me pergunto se seria realmente algo semelhante dirigir aqueles veículos colossais no interior da Rússia — podem acabar afastando um pouco o jogador típico. Entretanto, conforme dito anteriormente... O objetivo "pop" parece jamais ter constado na lista da desenvolvedora.

Trabalho em andamento

Mas, sim, o resultado acabou por se tornar popular. Na verdade, tão popular que a Oovee garantiu que pensa em incluir diversas melhorias em um futuro não muito distante. Entre elas, a adição bastante natural de uma visão de dentro da cabine (pois é, não tem) e também de um editor de fases — o que certamente seria muito bem vindo e também garantiria longevidade à proposta.



Ademais, é esperar para ver o que reservam as próximas curvas lamacentas do desenvolvimento continuado de SpinTires.