A Nintendo está mesmo ficando para trás?
Entra mês, sai mês e de alguma forma a pergunta sempre vem à tona: a Nintendo perdeu a disputa no mundo dos games? Não faltam profetas para endossar uma inevitável queda da lendária companhia criadora de Mario a cada novo passo tomado pela empresa – que acumula maus resultados financeiros. Mas por que ela se encontra nessa posição tão duvidosa?Essa situação parece surreal ao lembrar que a franquia Mario é a mais bem-sucedida da história dos games, com vários sucessos de crítica e público em toda sua trajetória. Lançado em 1985, o jogo Super Mario Bros, do Nintendinho, continua sendo o segundo jogo mais vendido da história (40 milhões de cópias). Ele só perde para Wii Sports – também da Nintendo. E veja só: Mario Kart Wii e mais uma frota de jogos da companhia ocupam todas as posições até o 15º lugar, de acordo com o site especializado VGChartz. Muitos desses são do console Wii, que vendeu mais de 100 milhões unidades e trouxe uma inovação de controle que surpreendeu a todos em 2006. Poderia mesmo essa ser a empresa que tem amargado seguidos prejuízos em seus relatórios financeiros?
Numa leitura imediatista, é fácil cair na tentação de prever a Nintendo seguindo o mesmo caminho de Atari e Sega, que saíram da guerra dos consoles após anos de produção de ponta. Mas a situação é mais complexa e pede uma revisão mais abrangente.
O que pode salvar a Nintendo?
Desde o começo pífio do Wii U no mercado, em novembro de 2012, a Nintendo busca soluções para contornar a má fase. Entre as mais recentes, os novos modelos do portátil 3DS, anunciados no fim de agosto, com mais botões, maior capacidade de processamento e diferentes tamanhos, foram investimentos… simpáticos. Também foi alardeada a criação de um aplicativo da empresa para dispositivos móveis, mas… sem games (a função é conectar smartphones e tablets ao portátil 3DS).
Talvez a novidade que mais renda frutos seja a dos Amiibos, revelados durante a feira E3. As miniaturas colecionáveis, semelhantes às usadas em Skylanders e Disney Infinity, trarão interação entre bonequinhos e os personagens dos jogos para Wii U e 3DS. A medida parece combinar perfeitamente com o perfil da empresa, vinculando suas figuras clássicas em forma física a diferentes games. Mas, embora seja um agrado cativante, também não deve virar a mesa para a Nintendo.
Em geral, essas medidas soam paliativas – investimentos breves para apagar um fogo de proporção superior. O próprio criador de Mario, Shigeru Miyamoto, indicou recentemente à revista Edge que essa é a hora de investir nos jogadores assíduos e não mais nos casuais. Ele considera que Wii e DS já cumpriram a missão de estender os games a um público maior. Talvez isso ajude ele e o CEO da Nintendo, Satoru Iwata, a não terem que reduzir seus salários novamente – como anunciado no começo de 2014.
Hardware ganha jogo?
Em meio a essas novidades inócuas, é preciso entender mais sobre esse incêndio que teve ponto de partida mais pronunciado com o lançamento do Wii U. A princípio, a capacidade técnica inferior do console, quando comparada à de adversários diretos, como PlayStation 4 e Xbox One, parece ser a grande derrota objetiva da Nintendo. O desnível já existia desde a geração passada, com o Wii sem suporte a gráficos HD enquanto Sony e Microsoft deitavam e rolavam no realismo gráfico. Agora que o Wii U apresenta alta definição, os outros têm resolução 4K (ou Ultra HD). Essa demora de ajuste fez com que a Nintendo fosse enfraquecendo suas parcerias com grandes produtoras como Ubisoft e Bethesda, que criticaram publicamente não só a capacidade do Wii U como a falta de interesse de sua comunidade pelo perfil de seus jogos (como Assassin’s Creed e Skyrim).
Pode soar estranho, mas essa é uma derrota relativa. Há muitas gerações – no mínimo desde a de Super Nintendo e Mega Drive -, já há uma filosofia distinta da Nintendo que se solidificou no imaginário gamer. Quem viveu essa fase lembrará como o console da Sega era considerado mais "dark", com conteúdos mais "radicais". Enquanto de um lado da sala de aula, uma turma jogava Super Mario World, a outra fazia sucesso falando da velocidade de Sonic e do realismo de Pit Fighter – ambos do concorrente. Por mais que tivessem jogos em comum, a diferença na linha de produtos exclusiva de cada console era bem demarcada. Quando a Sony chegou ao mercado com o PlayStation, essa diferença ficou mais acentuada ainda contra o Nintendo 64 – que opunha seu Mario tridimensional a títulos como Final Fantasy VII, Metal Gear Solid e Road Rash 3D. Some a entrada posterior da Microsoft e do Xbox a esse cenário e a Nintendo parece cada vez mais ilhada.
Mas a grande sacada é que isso não torna a Nintendo inferior – pelo contrário, apenas mostra o quanto não há mais cabimento numa comparação muito direta entre ela e as demais plataformas. O prazer de jogar franquias clássicas da Nintendo reside justamente na fantasia e na distância do realismo – e é apostando nisso que ela ergueu seu império. The Legend of Zelda: Ocarina of Time e Super Mario Galaxy estão entre os jogos mais bem-sucedidos da história por crítica e público, dividindo espaço com os aclamados GTA IV e V. Portanto, essa queda de braço dos games é decidida subjetivamente – assim como no cinema, na música ou qualquer outra arte em que a disputa técnica só vale até certo ponto. Narrativa, trilha sonora, jogabilidade, mecânica e nem mesmo os endeusados gráficos estão sujeitos somente a julgamentos objetivos. Sendo assim, tomar a capacidade de hardware como definidor de uma geração é uma besteira sem tamanho – como provaram os números do Wii na geração passada.
Mas onde a Nintendo errou?
Após a revolução do controle de movimentos trazida pelo Wii (e pelo Kinect no Xbox 360), seria possível depositar parte da culpa sobre a falta de inovação do controle-tablet GamePad no Wii U. No entanto, a verdadeira escorregada da Nintendo foi não lançar rapidamente um rol de jogos que justificasse a nova plataforma – algo que o próprio presidente da empresa admitiu em entrevista ao site CVG, em agosto de 2013, quando comentou a "falta de softwares" como maior inimigo do console, que ficou meses à míngua. Basta lembrar que a companhia demorou um ano para lançar um novo Mario 3D, um ano e meio para um novo Mario Kart e quase dois anos para um novo Super Smash Bros. Ainda faltam sucessores de Zelda e Metroid.
Os personagens da Nintendo moldaram a cara da empresa e permanecem como a real força da companhia geração após geração. Imagine o quanto os concorrentes não sonham com uma eventual saída dela do ramo de consoles e o início de uma nova era multiplataforma para Mario e Zelda sendo jogados em PlayStation 4, Xbox One, PCs…
Se há culpa da Nintendo nesses infortúnios recentes, ela reside bem mais na ineficiência da companhia em preparar uma boa linha de lançamento, com jogos que fizessem o "manifesto" do Wii U logo de cara, que na capacidade de hardware ou periféricos. Mas foi uma falha compreensível – é bem provável que a expectativa e a pressão por novos consoles tenham feito com que a nova geração saísse um pouco prematuramente. Basta lembrar que PS4 e Xbox One vieram um ano depois e não deixaram de sofrer com a escassez inicial de títulos importantes. Aliás, nesse aspecto, a Nintendo fez bem em lançar seu console um ano antes – caso contrário, o massacre de comparações teria sido mais severo.
Afinal, há futuro para a Nintendo?
Claro que há. A empresa não vai se esfacelar nos próximos anos, embora essa negligência com seu maior tesouro tenha sido um golpe duro. Mesmo no ramo de hardware, o 3DS foi o sistema mais vendido de 2013, já passando a marca de 45 milhões de unidades vendidas. O portátil também teve um início turbulento, mas conseguiu virar o jogo graças aos bons games exclusivos lançados posteriormente. A solução soa familiar?
Embora seja improvável que o Wii U vá obter números semelhantes a curto prazo, ele também apresenta crescimento nos últimos meses – Mario Kart 8, exclusivo de peso, é a principal justificativa. Outros atrativos auxiliares, como os citados Amiibos, também podem beneficiar a empresa lembrando aos gamers quais são os personagens que eles só encontrarão lá.
Mesmo que comece a investir mais em games de outros tipos, a grande jogada da Nintendo é continuar apostando naqueles que fazem a marca ser única. Por compartilharem muitos títulos, Sony e Microsoft muitas vezes travam uma batalha de nuances, enquanto a Nintendo esbanja singularidade em títulos que não correm perigo de serem trocados ou ultrapassados – eles não excluem e nem são excluídos pelos jogos das outras produtoras. Eles são algo à parte, formam a essência da empresa e a manterão no ramo por muitos e muitos anos. É duro suceder o Wii e batalhar por espaço na nova geração, mas Mario e companhia não são mania passageira – eles estão aqui para ficar.
Lord Kratos 666 24 Set, 2014 22:40 1
wesley1308 24 Set, 2014 16:34 1
hypzinho 24 Set, 2014 16:14 1
Qadosh 24 Set, 2014 12:32 0
agora no q cabe a nintendo esse fim de ano, ta osso pra mim, como dinheiro nao dá em arvore eu nao vou poder comprar tudo que vai ser lançado até o fim do ano, ja to pensando sériamente em desistir do wirule warriors pq pro 3ds vem smash e pokemon, e além disso ta vindo bayoneta pro wii u. É como dizem por ai, "a nintendo vai falir... meu bolso"
alukya 24 Set, 2014 11:41 0
Brynko-dgs 24 Set, 2014 02:17 1
jrhardcore 23 Set, 2014 22:19 2
"Hoje" nenhum destes jogos da próxima geração (Ps4 e Xone) me cativou...Nada mesmo! Agora a Nintendo...só trazendo jogão pro WiiU e diversão pra toda a familia também. Posso ter 10 jogos, mas que estes 10 sejam Tops e não genéricos, recalques, etc...
0BL0OD0 23 Set, 2014 15:49 1
O autor dessa news não poderia estar mais certo. Falou tudo.
O fracasso do Wii U se resumiu / resumi à falta de jogos. É um fato.
Mas como ele mesmo disse, a solução pra isso é muito simples, pois os exclusivos da Nintendo não são passageiros. São franquias que fizeram a identidade da empresa, e vão permanecer por aí, pra sempre.
Estou super feliz com meu 3DS, que comprei justamente por causa dos exclusivos, e já faz algum tempo que eu pretendo adquirir um Wii U, tbm pelos exclusivos e futuros exclusivos.
Não adianta... pode acontecer o que for, mas sempre que lançarem um novo zelda, um novo pokemon, um novo metroid ou mesmo um novo mario, eu vou estar aqui, louco pra jogá-los.
Minha plataforma principal de jogos, é, e sempre será, o PC. Porém, isso não me impede de jogar os exclusivos de outros consoles.
Como o autor disse:
PanicoDoritos 23 Set, 2014 14:17 -1
Rafael_Rivals 23 Set, 2014 13:23 -3
esdrascrazy 23 Set, 2014 13:07 -1