Entre assassinos e templários: os altos e baixos dos dois Assassin’s Creed desse ano
O texto representa a experiência com Assassin’s Creed Unity (PC) e Assassin’s Creed Rogue (Xbox 360).
Eu gostava de Assassin’s Creed. Fazer parkour na Florença renascentista era legal, escalar o Coliseu fugindo de soldados romanos também e até mesmo caçar animais nas fronteiras das colônias americanas foi divertido. Porém, esse ano, com Assassin’s Creed Unity e Assassin’s Creed Rogue, comecei a perceber que o me fazia gostar dos jogos era outra coisa.
Desde o primeiro Assassin’s Creed, a série sempre despertava em mim aquele CDF por história da época do colégio, que não ficava contente só com o livro da escola e pesquisava por Gengis Khan e o império Mongol mesmo não sendo "cobrado" no vestibular.
O que me fazia (e ainda faz) jogar Assassin’s Creed todo ano é que ele me entregava aquele ambiente histórico crível para explorar. Conhecer mais de cada prédio, cidade e eventos que aconteceram nas cruzadas, renascença, revolução americana e a época dos Piratas. Eu até gostava de Assassin’s Creed: o jogo, mas o que mais me atraia era a experiência histórica.
Por isso, do pouco que vivenciei da revolução francesa de Assassin’s Creed Unity, ela me decepcionou. Não por ser um período desinteressante, mas porque o jogo falhou em me imergir nessa experiência.
Ok, devo confessar que parte disso é minha culpa. Ainda sem um console de nova geração, tive que me contentar com a versão de PC do jogo. Com uma máquina que, apesar de boa, não preenche os requisitos pedidos pela Ubisoft (falta de otimização ou o verdadeiro poder na nova geração?), tive que me contentar com uma Paris não tão bonita assim.
A Cidade Luz com pouca textura
A representação da Cidade Luz do século 18, mesmo com a falta de polimento, ainda parecia interessante. As construções e os fatos da revolta francesa eram expostas a cada esquina. O que me fazia gostar de Assassin’s Creed ainda estava lá, só que havia um jogo quebrado e confuso por trás. E isso não é culpa minha, e sim da Ubisoft.
Um jogo preso ao passado
Quando falei com o game designer de Assassin’s Creed Unity na BGS 2014, ficou claro que o jogo era muito inspirado em Assassin’s Creed Brotherhood, tanto que Unity começou a ser desenvolvido logo após o jogo de 2010 ser lançado.
Ambientação em uma única e grande cidade; Modo coop inspirado na ajuda de outros assassinos; um protagonista em busca de vingança pelo que aconteceu com a família. As semelhanças são várias.
Após ver o resultado, a sensação é que esse conceito já não faz tanto sentido na série, principalmente depois das mudanças que Black Flag trouxe. Assassin’s Creed agora parece sentir falta da liberdade de um mar aberto para navegar e Unity, preso nas terras de Paris, parece sufocado e limitado por tantos prédios para escalar.
Unity e todo o conceito que fazia sentido há quatro anos para a série, talvez tenha chegado atrasado.
A trama do jogo também não é nada inspiradora e o novo protagonista, Arno Dorian, tenta ser carismático, mas acaba sendo um clone mal feito de Ezio Auditore em Assassin’s Creed II: um playboy "bon vivant", alheio a todos os conflitos de assassinos e templário e que se vê no meio dessa revolução em busca de vingança pelo o que aconteceu na família.
Todos já devem estar cientes dos bugs e crashes que vem assolando Assassin’s Creed Unity desde o lançamento e eu fui vítima de um deles. Após algumas poucas horas de jogo, alguma coisa aconteceu que corrompeu meu save e o jogo me obrigava a voltar ao início. Todo o meu progresso foi perdido. Foi a gota d’água.
Sem um PC ultra potente para rodá-lo de forma satisfatória, parei de jogar AC Unity. Ainda pretendo retornar ao jogo quando comprar um PS4 ou Xbox One, mas a pouca experiência que tive não foi das melhores.
Você pode saber mais detalhes de como Unity consegue decepcionar com o review do jogo.
Com Assassin’s Creed Unity parecia que meu fascínio e encanto por essas viagens históricas que a série proporcionava tinham acabado. Ironicamente, um templário me fez perceber que estava errado.
Um templário para salvar o credo
No decorrer dos mais de cinco jogos de Assassin’s Creed (sem contar os spin offs e portáteis), a trama de conspirações e a "guerra secreta" entre Assassinos e Templários me intrigava tanto quanto a parte histórica real.
Releve-se aí a parte dos dias atuais e a ideia de civilizações ancestrais e divinas, o que resta é um interessante conflito que movia, entre altos e baixos, as tramas dos jogos.
É por isso que considero Black Flag um excelente jogo, mas um péssimo Assassin’s Creed. Pela mesma razão, Assassin’s Creed Rogue me animou ao ponto de ainda acreditar na série.
AC Rogue mostra o capítulo perdido da queda da irmandade dos assassinos nas colônias americanas, algo que só é citado em Assassin’s Creed III. De quebra, ele ainda é cheio de referência a outros jogos, principalmente Black Flag.
O jogo serve muito como uma ponte de ligação na chamada Kenway Saga (AC III e Black Flag) e apresenta uma jornada peculiar da transformação do assassino Shay Cormac em um templário.
Shay, como protagonista, mostra – se muito mais rico e profundo do que o insosso Dorian de Unity, muito por causa do conflito que o templário sente por ter que dizimar seus antigos companheiros. A trama também é desenvolvida para que o jogador sinta isso, já que passamos boa parte do jogo com Shay ainda entre os assassinos, conhecendo e simpatizando com cada um deles, para no final ter que mata-los.
AC Rogue consegue, assim, se distanciar um pouco da dicotomia já cliché de templários e assassinos. O preto-no-branco não fica tão visível aqui e isso é ótimo.
Infelizmente, talvez o elo mais fraco do jogo seja justamente o que me interessava na série: o contexto histórico. AC Rogue se passa durante a Guerra dos Sete Anos entre o império Britânico e a França, que nas colônias americanas foi chamada de Guerra Franco-Indígenas. Porém, ele fica como um pano de fundo tão distante, que não chega a ser interessante.
Muitos podem dizer que AC Rogue é só um Black Flag com algumas melhorias. Eu digo que AC Rogue é uma evolução de Black Flag.
É até engraçado perceber que a ligação entre os dois jogos é parecida com as de Assassin’s Creed II e Assassin’s Creed Brotherhood. Brotherhood se apropriou das jogabilidade do segundo jogo e adicionou novos elementos, o que fez dele um game melhor. O mesmo acontece com Rogue.
Ainda temos batalhas em alto mar, mais ilhas para explorar e mais fortes para conquistar. É um mais do mesmo, mas um mais do mesmo bem feito. A isso tudo, Rogue acrescenta novidades pontuais, que vão desde a nova ambientação nas gélidas águas do atlântico norte e seus icebergs até o próprio fato de controlarmos um templário.
As habilidades de Shay como templário não chegam a se diferenciar dele como assassinos, mas agora o jogador é caçado pela irmandade, o que pode se provar não tão fácil de escapar. Agora, você é a caça. O interessante é ver essa mudança de papeis que afetam também a jogabilidade, mesmo que de forma pequena.
Com dois Assassin’s Creed sendo laçados no mesmo ano (pra não dizer no mesmo dia), a Ubisoft parecia estar exagerando. Realmente ela estava. Enquanto Unity parece ter sido uma "falha no Animus", pelo menos AC Rogue conseguiu manter a qualidade, pena que foi ofuscado pelo problemático "primo rico".
Eu poderia muito bem ter desistido da série por causa de Unity, felizmente AC Rogue ainda me faz ter esperança de boas tramas e ambientações históricas que virão a seguir (a China imperial é a próxima).
Foi por pouco, mas ainda gosto de Assassin’s Creed.
peplegal 24 Nov, 2014 22:16 3
É sempre bom ver Análises adultas de jogos.
E fica melhor quando a Análise trata o jogo como um filme, ou seja, aborda o Desenvolvimento da Trama, Evolução dos Personagens, Ambientação, Cinematografia, Imersão, Continuidade, etc.
Ou seja...tratar o jogo como uma Obra Artística...que é como ele realmente merece ser tratado.
Claro que isto não se aplica aos Mata-Mata (Call-of-Duty, etc).
Assassin's Creed é uma série com seus "Altos" e "Baixos"...porém mesmo em seus piores momentos, ainda sim, mostra-se extraordinária.
Ainda não joguei os últimos lançamentos, mas fico impressionado com os comentários...e com o respeito que o público (adulto) tem por esta série.
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blayderjp 24 Nov, 2014 21:16 1
Mas sinceramente nhma barra a Ezio's Family, ela é perfeita de mais.
thiago52192 24 Nov, 2014 21:04 0
Periclesd 24 Nov, 2014 20:22 -1
campagnarot 24 Nov, 2014 20:13 0
pena que AC que não tem mais enredo presente, jogar videogame de Animus nao tem graça nenhuma
bellickw 24 Nov, 2014 18:04 1
ItalloIgor 24 Nov, 2014 17:51 0
waguitu 24 Nov, 2014 17:24 -1
Givisiez 24 Nov, 2014 17:17 -1
DarkStronger 24 Nov, 2014 16:11 -1
Pretendo jogar ac unity assim que comprar uma VGA nova.
blayderjp 24 Nov, 2014 14:42 3
Eu espero que os próximos AC's mudem sempre para melhor como foi os AC's passados, eu espero que Unity me agrade no mínimo na história quando eu for jogar e o Rogue tbm.