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Com documentário e série, Xbox tentou ir além de games (e se deu mal!)

"Atari: Game Over" e "Halo: Nightfall" representam o melhor e o pior da breve empreitada do Xbox Entertainment Studios


Apresentada junto com o Xbox One em 2013, a Xbox Entertainment Studios tinha como objetivo produzir conteúdo em vídeo original para a nova plataforma: filmes, séries e reality shows que seriam exibidos em formato digital no Xbox Live.

O público não comprou a idéia de que o Xbox One era uma central de entretenimento, e não apenas um videogame, e também não botou muita fé no Xbox Entertainment Studios, mesmo com o envolvimento de grandes nomes da indústria cinematográfica, como Steven Spielberg e Ridley Scott.


Série de TV de "Halo" produzida por Spielberg foi primeira baixa entre projetos do Xbox Entertainment Studios.
No papel, a produtora tinha tudo para dar certo: boas franquias à disposição, o capital da Microsoft e profissionais experientes tocando os projetos.

O estúdio era capitaneado por Nancy Tellen, ex-presidente da rede de televisão CBS e tinha como líder criativo Elan Lee, o sujeito por trás da campanha "Why So Serious?" do longa-metragem "Batman: O Cavaleiro das Trevas".

Na prática, o estúdio foi vítima da má aceitação das propostas originais do Xbox One e da guinada promovida pelo CEO da Microsoft, Satya Nadella, e pelo atual líder da divisão Xbox, Phil Spencer: deixar as produções transmídia de lado e focar o Xbox One como plataforma de jogos.

Com o destino selado, a divisão cinematográfica da Microsoft fechou as portas enquanto dois de seus principais produtos chegavam ao público: o documentário "Atari: Game Over" e a série "Halo: Nightfall".


Assista ao trailer da série "Halo: Nightfall"



Série de "Halo"

"Nightfall" é um projeto ambicioso e mal executado: a série prepara o terreno para a chegada de "Halo 5", jogo de tiro muito aguardado pelos usuários do Xbox One e previsto para 2015. A série é uma produção associada do cineasta Ridley Scott (de "Blade Runner", "Falcão Negro em Perigo", "Alien" e "Prometheus"), mas é de se questionar se a grife de Scott teve alguma diferença no resultado final.

O primeiro produto do Xbox Entertainment Studios chegou tarde ao Brasil: um reality show competitivo de futebol de rua, apresentado por Thierry Henry e Edgar Davids.

Oito jogadores de diversos países disputaram o show, com a final gravada em pleno Maracanã, no Rio de Janeiro.

O programa foi exibido num canal dedicado ao mundial no Xbox One, que, por motivos de licenciamento, não foi disponibilizado por aqui na época da Copa do Mundo.
"Halo: Nightfall" é uma produção de ficção-científica no nível dos filmes originais do canal SyFy. Ou seja, é uma produção aceitável, ainda que com um excesso de cenas em ambientes fechados e efeitos especiais que deixam a desejar (ainda mais quando comparados com as cenas de computação gráfica de "Halo 2 Anniversary").

A trama deixa o herói Master Chief de lado e se concentra em Jameson Locke, um personagem novo, lidando com uma ameaça numa colônia humana distante.

Os dois primeiros episódios já estão disponíveis no Halo Channel e, ainda que tragam várias informações interessantes para os fãs da franquia de ficção científica, pecam pela falta de ação.

Os soldados UNSC e ONI falam mais do que atiram em "Nightfall" (e não são os diálogos mais brilhantes do mundo) e os pouco alienígenas se movem como se estivessem em "Star Wars: A Ameaça Fantasma".

Embora a melhora na história seja notável de um episódio para o outro, os problemas apontados acima persistem e devem permear os próximos três capítulos. Você pode comprar a série no Xbox Live ou junto com o jogo "Halo: The Master Chief Collection".

"Halo: Nightfall" conta com dublagem e legendas em português.

Documentário retrô

Ao assistir "Halo: Nightfall" você até entende porque a Microsoft desistiu do Xbox Entertainment Studios. Mas o documentário "Atari: Game Over" provoca o efeito contrário. É, sem exageros, um dos melhores filmes já feitos sobre a indústria dos jogos e a cultura gamer.

O documentário aborda uma história que ganhou ares de lenda urbana nos últimos 30 anos: o enterro de milhões de cartuchos do jogo "E.T.: The Extra Terrestrial" no deserto do Novo México. O local exato é um grande aterro na cidade de Alamogordo, próximo ao ponto onde eram testadas as bombas nucleares norte-americanas e onde foi enterrado um dos primeiros macacos enviados pela NASA para o espaço.


Assista ao trailer de "Atari: Game Over"



Além de mostrar a busca pelo aterro com os cartuchos de "E.T.", o documentário traz a história dos últimos dias da Atari antes do 'crash' de 1983, contada em entrevistas com os fundadores e executivos da empresa e, principalmente, por Howard Scott Warshaw, game designer de "E.T." e de alguns dos melhores games do Atari 2600: "Yar Revenge" e "Raiders of the Lost Ark".

Mesmo com o Xbox One configurado para o Brasil, "Atari: Game Over" não oferece opções de dublagem ou legendas em português, o que pode dificultar a compreensão por muitos usuários. UOL Jogos contatou a Microsoft sobre a questão, mas até o momento, não obteve resposta.
O documentário é uma espécie de jornada de redenção para Warshaw. O designer, um dos melhores de sua geração, foi estigmatizado pelo fracasso comercial de "E.T." e abandonou a indústria dos videogames, atuando hoje como psicólogo no Vale do Silício, na Califórnia. "Sou um especialista único", brinca Warshaw em uma entrevista do vídeo. "Sou um psicólogo que consegue traduzir nerd para inglês".

Em uma visita ao antigo prédio da Atari, Warshaw conta como era trabalhar lá nos melhores dias e acaba por mostrar que, entre a produção de jogos, o sucesso financeiro e o clima de festa, a empresa criou a cultura do que seria o Vale do Silício nas décadas seguintes. Vale notar, entre outros nomes da indústria, Steve Jobs começou a carreira na Atari.

O documentário costura as memórias de Warshaw com fatos, entrevistas com Nolan Bushnell e outros executivos da antiga Atari e da Warner Bros., a escavação dos cartuchos no deserto e conta também com divertidas participações do escritor Ernest Cline (do livro "Jogador Número Um"), seu DeLorean e uma pontinha de George R. R. Martin (de "Game of Thrones").

É uma história instrutiva sobre um período marcante da indústria dos games, sobre a cultura gamer em geral - o encontro de fãs, curiosos e profissionais da indústria no dia da escavação mostra bem a diversidade de pessoas conectadas por um hobbie que, de certa forma, vai além do simples entretenimento.

O documentário "Atari: Game Over" pode ser assistido de graça no Xbox One, através do aplicativo Xbox Videos.

"Atari: Game Over" é um dos melhores filmes sobre games já feitos e é o melhor legado da curta aventura do Xbox Entertainment Studios.

Fonte: Jogos/Uol

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27 Nov, 2014 - 18:39

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