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[Coluna] Assoprando o Cartucho #01: Game Power, ano 01, nº 01.

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Ficha: Game Power, ano 01, nº 01. Julho de 1992.

Os caminhos surpreendentes da briga entre Nintendo e Sega

O Summer CES (Consumer Eletronics Show), a maior feira de eletrônica dos States, terminou no inicio de junho em Chicago. Serviu para fecharem contratos milionários e esclarecerem alguns pontos quanto ao futuro dos videogames. Ficou claro, para começo de conversa, que a disputa entre a Nintendo e a Sega vai continuar acirrada por algum tempo, até 1993 no mínimo. A briga passa por preços, software (jogos basicamente), títulos e hardware (consoles) e parece mais dura a cada mês. Quem lucra com isso, felizmente é o consumidor.

Guerra de Preços

Os preços de consoles continuam baixando desesperadamente. Nintendo e Sega anunciaram que tanto o Super Nes como o Genesis passarão a custar US$ 99,99 a partir de agosto deste ano. Essa estratégia acaba valorizando o mercado de software. A ideia parece ser ganhar dinheiro mais com cartuchos do que com consoles. Ou seja, quanto mais consoles vendidos (a preço de banana), mais consumidores de cartuchos existirão. Desse jeito as empresas logo vão oferecer um console de graça junto com um cupom para comer um Big Mac de graça na primeira esquina.



Títulos Novos

A Sega ganhou a guerra dos lançamentos de 16 bits em 1991 com títulos como Sonic, Joe Montana II e Quack Shot, mas a Nintendo saiu detonando este ano com jogos impressionantes como Street Fighter II, Turtles IV e Battletoads. Esta batalha promete. Sabemos que a Sega vem aí no segundo semestre com Tazmania, Sonic 2 e Batman 2. Resta saber se a Nintendo vai manter o pique com Super Flying Warriors e Mario Paint entre outros ou se a Sega vai conseguir retomar a dianteira na área. A briga vai esquentar ainda mais com o aperfeiçoamento das third party software houses (fornecedores autônomos) e a entrada dos grandes estúdios de cinema, de olho neste mercado promissor.



A Briga dos CD-Rom

Mesmo no calor da batalha tecnológica, a guerra dos preços é que dá o tom. A Sega of America mostrou o Sega CD Multimedia Entertainment System (MÊS?) em Chicago e promete lança-lo, junto com 20 jogos, para o Natal deste ano pelo preço de US$ 299,99. A Nintendo respondeu à altura. Disse que o seu CD-Rom, desenvolvido junto com a Philips, não só será melhor, como também será mais barato. Enquanto o relógio do Sega CD roda 12,5 Mhz, rapidíssimo, o da Nintendo CD vai rodar a 25 Mhz!! O Sega-CD é preso às 64 cores do Mega Drive. O da Nintendo terá uma capacidade quase ilimitada de reprodução de cor. E o mais impressionante da historia toda: o Nintendo CD vai custar apenas US$ 200 quando for lançado no inicio de 1993. A Sega, por sua vez, treplicou com uma frase curta e grossa: "Talk is cheap", ou seja, falar é fácil. Mas também deixou claro, ao mesmo tempo, que não pretende perder a guerra dos CDS em função do preço.

A Nintendo vem aí

A disputa entre Nintendo e Sega promete chegar à nossa praia em breve. Segundo o jornal O Globo, a Nintendo do Japão está negociando com a Gradiente e a Estrela a comercialização dos seus produtos no Brasil. Numa primeira etapa os produtos serão importados. A briga com a Tec Toy, que produz os jogos e consoles da Sega no país deverá ser das boas.



Marcelo Kamikaze

Comentario do Colaborador Sophos_NSM:

A vida é engraçada. No inicio da decada de 90 parecia inconcebivel que as duas grandes do mercado não reinariam por muito tempo. As coisas não correram tão bem como a Nintendo e a Sega previram.

A Nintendo depois de uma enorme confusão entre ela mesma, a Philips e a Sony acabou sem o adaptador de CD (a historia completa pode ser vista aqui.

No Super Nintendo e também no Nintendo 64 essas e uma serie de outras decisões erradas acabaram deixando a Nintendo atrás da antiga aliada e agora concorrente Sony, perda que a Nintendo só recuperou com o Nintendo Wii com o qual voltou a liderança do mercado de consoles.

Já a Sega não conseguiu emplacar o Sega-CD, por causa do alto custo do aparelho e dos jogos, sendo largamente superado pelo Playstation e substituído pelo Saturn que também não foi bem. Em sua ultima jogada a Sega criou o DreamCast, que também não foi muito bem e logo foi descontinuado, retirando de vez a sega do mercado de consoles.

Sobre o Brasil, a parceria entre Nintendo Estrela e Gradiente foi relativamente bem sucedida, criando a Playtronic e produzindo consoles e jogos. Em 1996 no entanto a Estrela abandona a parceria por motivos não revelados e em 2003 é a vez da Gradiente encerrar a parceria com a Nintendo, alegando alta taxa do cambio e avanço da pirataria o que diminuiu o lucro com o negocio. Os games e consoles da Nintendo deixaram de ser fabricados no País, mas em 2011 a Nintendo anunciou planos da volta da produção ao pais. Isso provavelmente deve ocorrer sem parceria com a Gradiente – em crise desde 2007 - ou Estrela – que também busca a reestruturação de seus negócios para concorrer com os importados chineses. Já a Tectoy embora tenha diversificado sua produção até hoje produz os consoles Master System e Mega Drive.



Assoprando a fita é uma coluna quinzenal destinada a homenagear as antigas publicações brasileiras de games (caso seja permitido pela equipe tribogamer). Neste primeiro numero eu reedito um texto da minha antiga coluna Assoprando a Fita publicado nos blogs Gamerclubbr/NerdsSupremos na qual relembramos uma matéria publicada na primeira pelo japa Marcelo Kamikaze na primeira edição saudosa Game Power, bons tempos aqueles. As imagens desta postagem são as imagens originais da revista da epoca. Pretendo editar a coluna semanalmente apenas pelas 3 primeiras semanas quando postarei material antigo que tenho guardado e então passar para uma periodicidade quinzenal.

Por Sophos_NSM